Chão de vento

Nesse céu de azuis ásperos, o que me amacia são as nuvens esparsas de algodão. Não que me arranhe a limpidez desse mar de ponta-cabeça, mas é que suas ondas me arrastam, e eu não consigo nadar. Meu olhar em breve infinitude delata meu paralelismo desastrado. Esse céu desgraçadamente mais-que-perfeito, olhando com candura e afago, tenta ser meu espelho, mas falho. Minha renitência não murcha e resisto. Mantenho-me distante dos sonhos meus, para que eles sejam cada dia mais idealização, maravilhas e ilusão. Disforme pensamento, que assim mantém-me à inveja das miragens que desenho. Medo maior de que me acostume ao não ser e persista enviando para a fantasia o que devia esperar de mim.

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