A Você.

Meu interno exterior. Meu externo intrínseco. Minha composição, formação, canção, lição. Vinte e três do eu quarenta e seis. Um tudo tão essencial e ao mesmo tempo tão singelo, tão frágil. O complexo que se desfaz ao ver os primeiros passos, as primeiras palavras, as primeiras lições da escola, e assim trata a todos os acontecimentos como “os primeiros”: únicos e especiais. Que haja repetição, que venham os caçulas-  será tudo sempre como o primeiro, a estreia. O choro do nascer ao casar.
A esse dom de individualizar entrego meu coletivo, minha coletânea. À coleção de eus que já possui, e mesmo os que ainda estão por vir têm repouso em suas prateleiras. Posso buscar novos volumes com novas canções, belas capas, mas, sem seu acomodo não tenho por onde me organizar, me guardar, me apoiar. A essas prateleiras que sabem a ordem necessária para cada momento de minha coleção, revelo meus volumes.  A você, que aceitou dedicar incontáveis dias de sua existência para existir a minha. A você, que é a referência inabalável de cuidado e proteção em todos os momentos. A quem se esquecia da coreografia para assistir aos dois pedacinhos que dançavam com seus olhos. A quem acreditou muitas vezes no impossível para possibilitar minha cura. A quem sonhou comigo, e a quem hoje realiza saudade. A quem hoje me é referência do que faz falta. A tudo isso, qualquer coisa se torna pequena. Mas a isso, deixo em gratidão tudo o que é meu – tudo o que você me deu. A você que é casa, porto, paz. Ao que amo. Chamo. Ao que é amar. Contemplar. Ao que transmite sabedoria. Calmaria. Ao que repreende. Aprende. A quem caminha comigo nessa jornada. Obrigada. Ao seu dia. A você: Mãe.

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