A esse dom de individualizar entrego meu coletivo, minha coletânea. À coleção
de eus que já possui, e mesmo os que ainda estão por vir têm repouso em suas
prateleiras. Posso buscar novos volumes com novas canções, belas capas, mas,
sem seu acomodo não tenho por onde me organizar, me guardar, me apoiar. A essas
prateleiras que sabem a ordem necessária para cada momento de minha coleção,
revelo meus volumes. A você, que aceitou
dedicar incontáveis dias de sua existência para existir a minha. A você, que é
a referência inabalável de cuidado e proteção em todos os momentos. A quem se
esquecia da coreografia para assistir aos dois pedacinhos que dançavam com seus
olhos. A quem acreditou muitas vezes no impossível para possibilitar minha
cura. A quem sonhou comigo, e a quem hoje realiza saudade. A quem hoje me é
referência do que faz falta. A tudo isso, qualquer coisa se torna pequena. Mas
a isso, deixo em gratidão tudo o que é meu – tudo o que você me deu. A você que
é casa, porto, paz. Ao que amo. Chamo. Ao que é amar. Contemplar. Ao que
transmite sabedoria. Calmaria. Ao que repreende. Aprende. A quem caminha comigo
nessa jornada. Obrigada. Ao seu dia. A você: Mãe.
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