Te ver

Não chove aqui. Não água aqui. Não mágoa aqui. Não magoa aqui! Destoa de tudo os dias que vêm. Os dias em que você vem. Vêm sorrindo, que só sorris. Vem cantando, que só encantas. Vem só sendo, sendo só o que me inspira. Tem vez que foge, que some, que cala, que fecha, que cora, que chora, que raiva, que vida, que faça - do seu jeito os dias continuarem a serem. A serem assim. Meio sem graça, que o resto vem de você. Sua graça que compra os sorrisos do mundo. Só aluga os meus, que quando longe não dá pra estar bem. E quando perto, continua muito longe também. Tem dia que fere. Não saber se saboreio em querer junto, ou se espero de longe saber se é seu sabor. Dá pra sentir enforcar os meus medos, o aguardo desesperado e metódico por uma só decisão impontual. Vida que faço deleite de cheiros, de murmúrios, atravessadas pelo infinito de inércia consentida. Estacionado nesse lugar-comum, nesse lugar-nenhum. A covardia de bastar-me em querer. Se me ilude, aceito como destinação irrevogável. Convencido de que só, só me assusta. Enquanto não me acostuma a saudade dos ímpetos de riscar os riscos e segurar suas mãos. Olhar nos olhos, seus olhos. Tão lindos. Ouvir sua voz falar um pouco sem desviar-se de me dizer de si. De mim. Sem escapar. E só confessa, em tom de pena. Em desafino só o seu falar doce. Que se não, largo meus dedos dos seus, abraço e vou. Passo por passo, reclamar vida à vida que larguei lá atrás. Por frágeis vontades, apegos bobos. E agora a minha vida adora a sua.

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