Meu paradoxo, Minha Antítese.

Me sinto vivendo uma incoerência. Sempre estive na luta por liberdade, por deixar a vida me levar e agora me vejo agoniada justamente porque a possuo. Nesse momento a liberdade me prende e me deixa sem alternativas. Contraditório? Talvez.
A liberdade me agonia justamente por ser a única possibilidade. A única coisa que sou capaz é assistir aos acontecimentos e esperar pra ver a que caminho eles irão me levar. Minha única escolha é não escolher. Não optar, não planejar, não esperar, não criar expectativas... apenas ver a vida me levar até o que julgo ser o destino ou qualquer outra nomenclatura associada à ideia de razão maior.
É, meu amigo, nem sempre a liberdade liberta. Agora me vejo presa por ela por ter a certeza de que não posso fazer nada para alterar meu caminho, pois não sei ao menos a que caminho serei guiada.
Sempre acreditei que frustrante é tentar e não conseguir, mas percebi que frustrante é não poder nem mesmo tentar realizar algum esforço.
Serenidade? Não, não possuo. Não possuo a capacidade de apenas observar acreditando na tal razão maior. Quero ao menos a ilusão de que talvez algum esforço adiantaria ou seria capaz de me guiar ao que eu realmente espero. Não optar, não planejar, não esperar, não criar expectativas. Nenhuma dessas exigências me abrange. Opto, planejo, espero e crio milhares de expectativas. Liberdade? Talvez... Liberdade se talvez eu pudesse medir esforços pra chegar a alguma dessas expectativas. Não. Minha liberdade se materializa em prisão. Se torna prisão quando me deixa sem ação, sem refrão. E pior, me prende atrelada à emoção e me leva a razão. Não me deixa pensar a liberdade, sou forçada a apenas senti-la. E eu a sinto do lado oposto aos meios anseios. Onde? Também estão presos. Presos em mim. Confuso, amigo? Não fique. Deturpei a liberdade? Me perdoe...ou me prenda à culpa. Ela apenas não me tem sabor doce dessa forma.
Onde quero chegar com isso? Não sei...talvez até onde a liberdade permitir. Minha liberdade limitante. Meu paradoxo...ou minha antítese? Talvez os dois. Por que ? Minha aporia recai sobre o mesmo elemento e sobre elementos diferentes ao mesmo tempo. Recai sobre mim, mas eu o sou em duas partes: eu livre, eu limite. Mas eu livre é limitado...acabo me fundindo em um novamente. Confuso, amigo? Não fique. Não fique confuso e não fique aqui. Vá, seja livre. Não seja limite. Mas aprenda, amigo,serás subjetivamente limite se fores livre. Eis o meu paradoxo, minha antítese. Não fique, amigo. Não fique preso comigo. Vá. Quem sabe um dia minha liberdade não me leva de volta a você. Ou te traga de volta a mim...depende de quem estiver na gaiola. Confuso, amigo? Não fique. Voe, amigo. Deixa que a vida te leva. Descubra o lado bom disso e volte me ensinar a ser livre. Ainda estou presa na liberdade. Sou controladora, amigo. Queria apenas poder te escolher e guiar meu caminho até você. Não posso. Posso apenas assistir até onde essa liberdade-impossibilidade me leva. Confuso, amigo? Eu estou. Não quero que vás nem que fique. Confuso, amigo? Fique. Fique comigo. Se ficares comigo não me importarei em apenas assistir a liberdade me guiar. Fique, amigo. Se prenda comigo, vamos ser livres. Aproveite que minha liberdade me prendeu apenas com minha emoção e deixa eu te sentir. Não quero te pensar, sentir já me basta. Vedes, amigo? Contigo começo a ver beleza na liberdade. Fique. Liberte, prenda. Seja liberdade, meu limite. Fique, amigo. Fique.

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